Rachel Chinouriri estreia no Brasil com indie rock vulnerável: 'Meio Brat, meio Sabrina Carpenter'

Quem é Rachel Chinouriri: a britânica que desafia rótulos do indie rock
Rachel Chinouriri é uma das vozes mais interessantes da nova cena britânica. Aos 26 anos, ela já chamou atenção de Adele e saiu em turnê com Sabrina Carpenter. Nesta quarta-feira (1º), a cantora sobe ao palco do Cine Joia, em São Paulo, para sua estreia no Brasil.
O início foi longe dos grandes palcos. O primeiro EP, “Bedroom Tales” (2016), foi gravado em casa, com o que tinha em mãos: um microfone de 20 euros e o software GarageBand. A composição começou na adolescência, quando ela enfrentava bullying e racismo na escola.
“Fiz um post no Instagram que viralizou e abriu muitas portas para mim... mas no começo era muito frustrante, especialmente como uma mulher negra, porque você não quer ser vista como ‘reclamona’ nesta indústria”, conta em entrevista ao g1.
Ela saiu em turnê com Sabrina Carpenter durante a perna europeia da “Short n’ Sweet Tour”, com 20 shows. “O profissionalismo dela me impressionou. Mesmo cansada e com uma turnê estressante, ela é divertida e atenciosa com toda a equipe.”
Rachel Chinouriri e Sabrina Carpenter na turnê 'Short n' Sweet'
Divulgação/Redes Sociais
Formada pela The BRIT School (a mesma escola que revelou Adele e Amy Winehouse) Rachel vê a educação gratuita como essencial para abrir portas a jovens negros. “Foi graças a esse lugar e às pessoas que conheci lá que pude construir essa carreira.”
Zimbábue x Inglaterra: um contraste familiar
Filha de pais que foram crianças-soldado na Guerra da Independência do Zimbábue, Rachel cresceu em uma família “essencialmente militar”, com rigidez, cicatrizes emocionais e marcas de violência atravessadas por gerações.
Essa dualidade entre raízes africanas e vida londrina também aparece em suas músicas. Na faixa-título do álbum de estreia, “What a Devastating Turn of Events” (2024), a cantora relembra o suicídio de uma parente. Ela também expõe o contraste entre como sua família zimbabuense reagiu e como ela, imersa na cultura londrina, vivenciou a perda.
Música como autodefesa
Capa do álbum 'What a Devastating Turn of Events' de Rachel Chinouriri
Divulgação / redes sociais
No início da carreira, era comum verem seu trabalho categorizado como hip-hop ou R&B apenas por ela ser uma mulher negra. Assim como outros artistas já apontaram, entre eles Tyler, The Creator e Beyoncé, Rachel critica esse enquadramento automático.
Seu projeto também é uma forma de resgate cultural. Musicalmente, ela equilibra britpop, guitarras indie e estética Y2K (moda e estética dos anos 2000) com vulnerabilidade, sensualidade e autoconfiança. “Meio Brat, meio Sabrina Carpenter”.
Adele chegou a citá-la em um de seus shows: gesto que a projetou, mas também trouxe pressão. A diferença, segundo ela, é que agora está pronta para lidar com a fama.
Rachel Chinouriri chega ao Brasil em um momento de virada, tanto pessoal quanto artística. No palco, ela canta sobre drama adolescente, identidade, pertencimento e racismo. Tudo isso, claro, vem com a estética vibrante dos anos 2000 e a intensidade de quem encara as próprias cicatrizes sem medo.
Capa do single 'So My Darling' de Rachel Chinouriri
Divulgação / redes sociais
COMENTÁRIOS