José Mujica queria ser cremado e enterrado ao lado da cadela Manuela

O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, ícone da esquerda latino-americana, morreu nesta terça-feira (14) aos 89 anos. Entre as muitas histórias que marcaram sua trajetória, uma das mais emocionantes foi a relação especial com sua cadela Manuela, de três patas, com quem dividiu mais de duas décadas de vida simples na chácara Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu.
No fim de 2024, ele reiterou seu desejo: “O meu destino é debaixo daquela sequoia, onde a Manuela está enterrada. Quando morrer, vão cremar-me e enterrar-me lá”.
Mujica também refletiu sobre a existência e a morte com seu estilo filosófico característico: “A vida é uma aventura de moléculas. Este pedaço em que estamos no topo do planeta é o paraíso e o inferno. Viemos do nada e vamos para o nada. Gostaria que houvesse vida após a morte, mas acho que não”.
Manuela nasceu em Paysandú e era filha de Dunga, o cão da irmã de Topolansky. Foi batizada em homenagem à personagem da animação argentina Manuelita, la tortuga. Apesar de um início difícil com o pastor alemão que vivia na chácara, os dois se tornaram inseparáveis e “saíam juntos para caçar”, contou Lucía. Quando o pastor alemão foi envenenado, Manuela assumiu seu espaço com destaque e passou a dormir dentro de casa, sempre próxima ao casal.
A cadela perdeu uma das patas em um acidente com um trator dirigido pelo próprio Mujica. Perseguida por cães da região, correu na direção do dono e foi atingida. “O tendão ficou pendurado”, contou Mujica, com tristeza.
O carinho era mútuo. Em 2005, quando Mujica ficou hospitalizado por um mês, Manuela sentiu a ausência profundamente. “Ia às seis da manhã tomar conta dele e voltava às seis da tarde. Quando chegava no carro, ela estava lá à espera. De que é que ela estava à espera? Que o Pepe saísse. Estava toda contente e depois… orelhas caídas. No dia em que ele voltou, parecia que a cauda dela ia cair de alegria”, lembrou Topolansky.
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